terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O MENININHO



O MENININHO

Era uma vez um menininho. Ele era bastante pequeno. E ela era uma grande escola. Mas quando o menininho descobriu que podia ir à sala, caminhando através da porta da rua, ele ficou feliz. E a escola não parecia mais tão grande como antes.
Uma manhã, quando o menininho estava na escola, a professora disse:
-Hoje nós iremos fazer um desenho.
-Que bom! - pensou  o menino. Ele gostava de fazer desenhos. Ele podia fazê-los de todos os tipos: leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos; e ele pegou sua caixa de lápis e começou a desenhar. Mas a professora disse:
-Esperem! Ainda não é hora de começar! E ela esperou até que todos estivessem prontos.
-Agora! - disse a professora - Nós iremos desenhar  flores.
-Que bom! - pensou o menininho. Ele gostava de desenhar  flores e começou a desenhar flores com seu lápis rosa, laranja e azul. Mas a professora disse:
- Esperem! Vou mostrar como fazer.
E a flor era vermelha, com o caule verde.
-Assim - disse a professora - Agora vocês podem começar.
Então ele olhou para a sua flor. Ele gostava mais da sua flor, mas não podia dizer isto. Ele virou o papel e desenhou uma flor igual à da professora. Era vermelha com o caule verde.
Num outro dia, quando o menininho estava em aula, ao ar livre, a professora disse:
-Hoje iremos fazer alguma coisa com o barro.
-Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de barro.
Ele podia fazer todos os tipos de coisa com o barro. Mas a professora disse:
-Esperem! Não é hora de começar. E ela esperou até que todos estivessem prontos.
-Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato.
-Que bom! - pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos. A professora disse:
-Esperem! Vou mostrar como se faz. E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo. - Assim, disse a professora, agora vocês podem começar. O menininho olhou para o prato da professora. Então olhou para o seu próprio prato. Ele gostava mais do seu prato do que do da professora. Mas ele não podia dizer isto. Ele amassou o seu barro numa grande bola, novamente, e fez um prato igual ao da professora. Era um prato fundo. E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e olhar, e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo, ele não fazia mais coisas por si próprio.
Então aconteceu que o menininho e sua família se mudaram para outra casa, em outra cidade, e o menininho tinha que ir para outra escola.
Esta escola era ainda maior que a primeira. E não havia porta da rua para a sua escola. Ele tinha que subir grandes degraus, até sua sala.
E no primeiro dia, ele estava lá, e a professora disse:
-Hoje nós vamos fazer um desenho.
-Que bom!- pensou o menininho, e ele esperou que a professora dissesse o que fazer. Mas a professora não disse nada. Ela apenas andava na sala. Veio até o menininho e disse:
-Você não vai desenhar?
-Sim, disse o menininho, o que é que nós vamos fazer?
-Eu não sei, até que você o faça, disse a professora.
-Como eu posso fazê-lo - perguntou o menininho.
-Da maneira que você gostar, disse a professora.
-E de que cor?
-Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber quem fez o quê? E qual desenho de cada um?
-Eu não sei, disse o menininho.
E ele começou a desenhar uma flor vermelha de caule verde.

Helen E. Buckley    

Um comentário:

  1. Legal o texto, nos faz refletir sobre o papel do mediador no processo de desenvolvimento da criatividade, autonomia e personalidade.... Confesso que tentei mediar o máximo quando estive em sala de aula na oportunidade do PSS, mais encontrei esse retrato de total depêndencia de comando para executar algum ato criativo, mais ainda existem crianças e jovens não sei dizer como conseguem desenvolver uma certa autonomia e sair dessa "forma", mesmo vivendo essa forma de imposição sobre o ato criativo... Mais esse texto retrata realmente a realidade atual da Arte-educação na mão de professores "formados" no "sistema", cabe também refletir sobre a comodidade de levar algo direcionado para a sala de aula, pois é muito fácil trabalhar dessa forma e não precisa ter formação de Artes para desenvolver o trabalho da forma que está posto...

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