sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Para que serve a Arte na Educação?


Ana Mae Barbosa

24/01/2008

Para possibilitar o acesso à Cultura e para tornar as pessoas mais inteligentes. Vejamos a primeira afirmação. Em um país como o Brasil onde a arte é pouco divulgada (com exceção da música popular e do cinema) de que forma um cidadão pode desfrutar de seu direito de acesso à cultura? Não só é pouco divulgada como, em geral, quando é divulgada isso é feito em linguagem hermética. A internet tem democratizado o acesso a museus e exposições e tem dado visibilidade a trabalhos de muitos artistas, mas ainda não confere reconhecimento ao artista. Para alguém ser reconhecido como artista é necessário participar de exposições em museus, bienais, galerias, sair na Bravo, etc. Enfim, ser abençoado por algum curador. É com os curadores que está o poder de designar alguém como artista. A maioria deles é homem, vem das classes altas e é agente nacional do código hegemônico europeu e norte-americano branco.

Quantas mulheres já foram curadoras da Bienal? Rigorosamente, duas que quiseram inovar, fizeram um trabalho coerente com suas teorias e foram massacradas pelos críticos homens. A administração das Artes vive nas trevas no Brasil. Novamente meu termômetro é a Bienal de São Paulo, em que foi reeleito um presidente depois de surgirem dúvidas sobre seu procedimento ético. Quem elegeu foi um conselho de ricos, pois o Conselho da Bienal se transformou em escada social para novos ricos, ou melhor, um meio desaparecerem na Revista Caras. A proposta curatorial salvadora da próxima Bienal é isomórfica: um retorno, fora de lugar, ao conceitualismo movido por oportunismo. Tudo isto com dinheiro do Governo, o meu e o seu imposto, porque os ricos do Conselho não abrem a bolsinha.

O que já tem sido feito para melhorar o acesso à arte para a grande massa? E o que ainda pode ser feito? Nos últimos anos, os museus, centros culturais e mega-exposições têm se preocupado em criar departamentos educacionais, contratando educadores para facilitar a mediação entre Arte e Público. A qualidade é variável e o empenho também. Muitas vezes, o educativo existe na instituição para trazer público, para inflar a estatística, para mostrar ao patrocinador que numerosas pessoas viram a exposição. Em geral, reside aí o empenho em trazer levas de escolares às Bienais de Arte e do Livro. Outras instituições realmente se interessam em dar acesso à Arte a todas as classes sociais. Quando dirigi o MAC/USP fui criticada por dar ênfase ao educativo quando só o Museu Lasar Segall e o próprio MAC investiam na Arte/Educação. O trabalho foi tão frutífero que operou uma transformação no ensino da Arte nas escolas de todo o Brasil e trouxe a imagem da Arte para a sala de aula. A ampliação do educativo das instituições de Arte, a pesquisa para verificar os resultados da ação, a análise e sistematização a partir de publicações são iniciativas que ajudariam na descoberta de outras possibilidades. Principalmente, nos ajudariam a analisar que tipo de mediação praticamos nos muitos museus do Brasil, e com que conceitos de cultura estamos operando. Queremos convencer que os valores da burguesia são verdades imutáveis ou queremos que cada pessoa, independente do grupo cultural a que pertence, seja capaz de formular valores estéticos? Somos convencionais, populistas, messiânicos ou construtores de significados? Há de tudo isto nos educativos de museus e centros culturais no Brasil e há excelentes trabalhos que constroem diálogos entre a Arte, a Cultura e a Subjetividade dos observadores. Um país só pode ser considerado culturalmente desenvolvido se tiver uma produção de alta qualidade e uma compreensão desta produção também de alta qualidade. No Brasil, precisamos democratizar a compreensão da Arte e da Cultura. Resta-me agora argumentar que a Arte torna a pessoa mais inteligente. Para isto recorrerei à consistente metapesquisa de James Catterrall, Critical Links: Learning in the Arts and Student Social and Academic Development. O pesquisador da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, examinou mais de 60 pesquisas acerca da contribuição das Artes para a educação de crianças de cinco anos até a adolescência. O maior número de estudos se refere à contribuição da música, seguido pelo teatro. Infelizmente, Catterrall encontrou apenas quatro estudos demonstrando a importância das Artes Visuais para o desenvolvimento da capacidade de aprender outras disciplinas. Foi no campo de investigações sobre o raciocínio espacial que Catterrall encontrou quase 300 estudos científicos nos quais podemos nos basear para defender a idéia de que as Artes Visuais desenvolvem o raciocínio espacial e, a partir dele, também desenvolvem habilidades específicas para ler, escrever e falar a linguagem verbal. Precisamos de mais pesquisas em relação ao papel das Artes Visuais na qualidade da performance acadêmica dos alunos.  A grande ênfase na importância do ensino das artes para o desenvolvimento dos processos de cognição – não só em Arte mas em todas as áreas de conhecimento – se deve aos resultados de uma pesquisa norte-americana que mostrou que, por uma década, os alunos que obtiveram os dez primeiros lugares nos exames equivalentes ao ENEM no Brasil haviam cursado pelo menos duas disciplinas de Arte. Enquanto nos Estados Unidos, os alunos do ensino médio escolhem as disciplinas que vão cursar, no Brasil não há liberdade de escolha e o currículo parece prescrição médica. Portanto, nem se poderia fazer uma pesquisa destas por aqui. A pesquisa americana despertou o interesse dos pesquisadores em demonstrar as possibilidades de transferência de aprendizagem, quando a Arte é aprendida mobilizando-se processos cognitivos, da imaginação ao planejamento.  A pesquisa Artes Visuais: da exposição à sala de aula comprova que os professores que buscam os museus e centro culturais como laboratórios de pesquisa visual para seus alunos o fazem sabendo da importância da Arte para o desenvolvimento dos processos cognitivos em geral. Foi esta convicção que os levou a conseguir adesão dos colegas de história, português, matemática, informática para trabalhar interdisciplinarmente a partir das Artes Visuais. Eles reafirmaram a eficiência da Arte para desenvolver formas sutis de pensar, diferenciar, comparar, generalizar, interpretar, conceber possibilidades, construir, formular hipóteses e decifrar metáforas.
Rudolf Arnheim foi um dos expoentes da idéia de Arte para o desenvolvimento da Cognição. Sua concepção se baseia na equivalência configuracional entre percepção e cognição. Para ele perceber é conhecer. Ulric Neisser e Nelson Goodman colaboraram com esta visão. Arrisco a afirmar que o Projeto ZERO que Goodman iniciou e financiou pessoalmente foi a maior fonte de pesquisas sobre a Cognição em Arte e a Cognição através da Arte.
Arte depende de julgamento e obriga a poucas regras que precisam ser conhecidas antes de se ousar desafiá-las. Estas regras são para Arnheim a gramática visual subjacente a todas as operações envolvidas na cognição como recepção, estocagem e processamento de informação, percepção sensorial, memória, pensamento, aprendizagem, etc. Acusado de formalista no início dos anos oitenta, na efervescência do Pós-Modernismo, Arnheim vem sendo recuperado pelos cognitivistas pois sua gramática visual não se comprazia apenas na forma, mas derivava de uma negociação contextual mental e se dirigia ao contexto perceptual. A princípio, se trabalhava a percepção desta gramática visual só a partir da percepção do mundo fenomênico. Nos anos 80, precisamente a partir de 1983 (Festival de Inverno de Campos do Jordão), o esforço cognitivo de apreender a imagem da Arte ampliou o campo de ação do ensino da Arte, da percepção visual, da interpretação da linguagem visual a partir da cultura que a produziu. A imagem produzida por artistas entrou na escola para ampliar o sentido cognitivo da Arte.

Cognição é o processo pelo qual o organismo se torna consciente de seu meio ambiente. A Educação promovida pelas ONGs democráticas, de gestão comunitária, nos alertam acerca da importância da arte para a tolerância à ambigüidade e a exploração de múltiplos sentidos e significações.
Esta dubiedade da Arte a torna valiosa na Educação. Arte não tem certo e errado. Tem o mais ou o menos adequado, o mais ou o menos significativo, o mais ou o menos inventivo. Nós todos que trabalhamos com Arte seriamos menos inteligentes se estivéssemos longe Dela.

Ana Mae Barbosa é Professora Titular aposentada da USP, onde atua no Doutorado em Arte/Educação na ECA. Mae também é consultora do Canal Futura e da área de Formação da Petrobrás Cultural.
Foi presidente da International Society of Education through Art (90-93) e Diretora do Museu de Arte Contemporânea da USP (87-93). Publicou 19 livros sobre Arte e Arte/Educacão, entre eles Arte/Educação Contemporânea (Cortez, 2006) e Artes Visuais : da exposição à sala de aula (com Rejane Coutinho e Heloisa M Sales .EDUSP, 2005). E recebeu prêmios como o Grande Prêmio de Crítica da APCA e o prêmio Edwin Ziegfeld nos Estados Unidos.

Fonte: http://www.blogacesso.com.br/?p=91

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Gourmet - A deliciosa arte feita por Carl Warner

Deliciosa arte
Dono de um olhar apurado e uma criatividade sem igual, Carl Warner  é atualmente um dos maiores nomes da fotografia criativa. As deliciosas criações "gourmet" feitas por ele  mostram com requinte  de detalhes parte de sua sofisticada arte, que, mistura cor, forma e belíssimas imagens recriadas com alimentos ou ingredientes irresistíveis para deixar qualquer um com água na boca, porém, a fragilidade de certas iguarias torna seu trabalho efêmero. Confira!

Deliciosa arte
Deliciosa arte
Deliciosa arte
Deliciosa arte
Deliciosa arte
Deliciosa arte
Deliciosa arte
Deliciosa arte
Deliciosa arte

Os Graffitis Realistas de El Mac

Os Graffitis Realistas de El Mac - 01
Com um trabalho fantástico e extremamente detalhado, o artista norte-americano El Mac  se destaca com um estilo bem diferente de criar seus graffitis, ora tão parecidos com uma foto e tão realistas que às vezes fica difícil de acreditar  que foram desenhados – grafitados. O legal do seu trabalho está na construção do desenho e nas cores.

Os Graffitis Realistas de El Mac - 02
Os Graffitis Realistas de El Mac - 03
Os Graffitis Realistas de El Mac - 04
Os Graffitis Realistas de El Mac - 05
Os Graffitis Realistas de El Mac - 06
Veja mais imagens aqui.


Fonte: http://www.arteffinal.com/2010/09/os-graffitis-realistas-de-el-mac.html

A curiosidade infantil nas pinturas de Donald Zolan


Pinturas de Zolan
Certamente para um pintor..., a figura humana é um desafio muito grande. No entanto, retratar pessoas durante a infância sem perder a essência, é muito mais complicado. Não é a toa que Donald Zolan é considerado o maior pintor de criança norte-americano, pois, ele capta com perfeição os sentimentos e a graciosidade de suas pinceladas revela: a leveza e a curiosidade infantil diante do "novo" de maneira surpreendente, tudo isso pode ser visto com naturalidade em suas belíssimas pinturas.

Pinturas de Zolan
Pinturas de Zolan
Pinturas de Zolan
Pinturas de Zolan
Pinturas de Zolan

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O MENININHO



O MENININHO

Era uma vez um menininho. Ele era bastante pequeno. E ela era uma grande escola. Mas quando o menininho descobriu que podia ir à sala, caminhando através da porta da rua, ele ficou feliz. E a escola não parecia mais tão grande como antes.
Uma manhã, quando o menininho estava na escola, a professora disse:
-Hoje nós iremos fazer um desenho.
-Que bom! - pensou  o menino. Ele gostava de fazer desenhos. Ele podia fazê-los de todos os tipos: leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos; e ele pegou sua caixa de lápis e começou a desenhar. Mas a professora disse:
-Esperem! Ainda não é hora de começar! E ela esperou até que todos estivessem prontos.
-Agora! - disse a professora - Nós iremos desenhar  flores.
-Que bom! - pensou o menininho. Ele gostava de desenhar  flores e começou a desenhar flores com seu lápis rosa, laranja e azul. Mas a professora disse:
- Esperem! Vou mostrar como fazer.
E a flor era vermelha, com o caule verde.
-Assim - disse a professora - Agora vocês podem começar.
Então ele olhou para a sua flor. Ele gostava mais da sua flor, mas não podia dizer isto. Ele virou o papel e desenhou uma flor igual à da professora. Era vermelha com o caule verde.
Num outro dia, quando o menininho estava em aula, ao ar livre, a professora disse:
-Hoje iremos fazer alguma coisa com o barro.
-Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de barro.
Ele podia fazer todos os tipos de coisa com o barro. Mas a professora disse:
-Esperem! Não é hora de começar. E ela esperou até que todos estivessem prontos.
-Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato.
-Que bom! - pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos. A professora disse:
-Esperem! Vou mostrar como se faz. E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo. - Assim, disse a professora, agora vocês podem começar. O menininho olhou para o prato da professora. Então olhou para o seu próprio prato. Ele gostava mais do seu prato do que do da professora. Mas ele não podia dizer isto. Ele amassou o seu barro numa grande bola, novamente, e fez um prato igual ao da professora. Era um prato fundo. E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e olhar, e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo, ele não fazia mais coisas por si próprio.
Então aconteceu que o menininho e sua família se mudaram para outra casa, em outra cidade, e o menininho tinha que ir para outra escola.
Esta escola era ainda maior que a primeira. E não havia porta da rua para a sua escola. Ele tinha que subir grandes degraus, até sua sala.
E no primeiro dia, ele estava lá, e a professora disse:
-Hoje nós vamos fazer um desenho.
-Que bom!- pensou o menininho, e ele esperou que a professora dissesse o que fazer. Mas a professora não disse nada. Ela apenas andava na sala. Veio até o menininho e disse:
-Você não vai desenhar?
-Sim, disse o menininho, o que é que nós vamos fazer?
-Eu não sei, até que você o faça, disse a professora.
-Como eu posso fazê-lo - perguntou o menininho.
-Da maneira que você gostar, disse a professora.
-E de que cor?
-Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber quem fez o quê? E qual desenho de cada um?
-Eu não sei, disse o menininho.
E ele começou a desenhar uma flor vermelha de caule verde.

Helen E. Buckley    

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A pintura underground de Max Petrone

Pinturas de Max Petrone
Mostrando tendências de uma arte que foge totalmente dos padrões comerciais o italiano – Max Petrone – alia cores e cenários de uma pintura underground com uma leve inclinação para um discurso político cheio de rebeldia e argumentos. Mas, o essencial em suas obras é nos convidar para uma reflexão intimista para fugir do óbvio e da simplicidade da vida.

Pinturas de Max Petrone
Pinturas de Max Petrone
Pinturas de Max Petrone
Pinturas de Max Petrone
Pinturas de Max Petrone
Pinturas de Max Petrone
Fonte: Zupi.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Auto da Compadecida é Sucesso de público

A CIA de Teatro da UFPR Litoral estreou oficialmente com a peça "O Auto da Compadecida", nos três dias que ficou em cartaz conseguiu reunir um público que totalizou cerca de 600 pessoas no Teatro Caixa Preta no Centro Cultural da UFPR Litoral. Foi um sucesso tremendo, através da proposta de Teatro Corredor a qual deu ao público oportunidade de fazer parte do espetáculo o tempo todo, os atores conquistaram a platéia que reunia famílias inteiras de todas as idades. A partir dos resultados da estréia o grupo já está planejando temporadas maiores para apresentação em Matinhos e municípios vizinhos no litoral paranaense.
Cia de Teatro da UFPR Litoral
A  Cia de Teatro da UFPR Litoral nasceu de um projeto de extensão elaborado pelo professor  Alaor de Carvalho em parceria com o Curso de Licenciatura em Artes da UFPR Litoral, no final do ano de 2009. Essa é a segunda montagem do grupo, sendo que já foram executadas a peça Moçoilas Casadoiras, no estilo Teatro de Rua. O diretor artístico da Cia.  de Teatro da UFPR Litoral, Alaor de Carvalho, considera esta peça a estréia oficial do grupo no Teatro Experimental do Centro Cultural da UFPR. “Com essa peça renovamos nossos objetivos como extensão universitária, levando teatro de qualidade para a população promovendo assim o desenvolvimento cultural da cidade de Matinhos e posteriormente de todo o Litoral Paranaense”, afirma Alaor. 
Auto da Compadecida - Cia de Teatro da UFPR Litoral
Texto: Ariano Suassuna
Direção: Alaor Carvalho
Sonoplastia: Paulo Ricardo D'Carvalho
Iluminação: Elaine Oliveira e Emerson Von Muller
Equipe de Apoio: Naila Maina e Ana
Elenco: Alaor Carvalho (João Grilo), José Luiz de Souza Santos (Chicó), Tainara Basaglia (Padre João), Carol Vergara (Mulher do Padeiro), Jhonata Abreu Coelho (Padeiro), Danilo Reitor (Sacristão), Vinicius Afonso Mohr (Major Antônio Morais), Luan Vinicius da Silva Cordeiro (Bispo), Sauane Buenos (Severina Cangaceira), Valdo José Cavallet (Cangaceiro), Mara Rubia Catão (Cangaceira), Wellington Francis de Oliveira (Cangaceiro), Matheus de Moraes (Encourado), Thaysse de Moraes (Diaba), Francisco Wille (Jesus), Daiane Araripe (Nossa Senhora)

Confira as fotos:


domingo, 4 de dezembro de 2011

CIA de Teatro UFPR Litoral apresenta: O Auto da Compadecida de Ariano Suassuna


Dias 09, 10 e 11 de Dezembro de 2011 às 20 horas no Centro Cultural da UFPR Litoral - Local: Av. Paraná, 515 - Tabuleiro em frente ao hospital de Matinhos-PR.

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